Com casa cheia, show comemora os 89 anos do Cine-Theatro Central

Publicado em 27 de março de 2018

Foto: Alexandre Dornelas

Com plateia lotada, o show “Jobim 90”, de Fernanda Cunha, iluminou, na noite de ontem (25), o palco do Cine-Theatro Central. A comemoração aos 89 anos do teatro, tombado como patrimônio nacional em 1994, foi marcada por uma noite emocionante, com participação da cantora e compositora Sueli Costa. O público, que esgotou os ingressos já na quinta-feira, reuniu cerca de 1.200 pessoas, que chegaram cedo para tentar pegar um lugar pertinho do palco e, ao final, aplaudiram de pé, pedindo bis e repetindo o refrão até que “Garota de Ipanema”, parceria de Tom Jobim e Vinicius de Morais, fosse cantada.

O reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Marcus David, por meio de vídeo, fez uma reflexão do papel da Universidade no processo de transformação social, principalmente no aspecto cultural “em todas as suas dimensões, científica, institucional e artística”. A vice- reitora, Girlene da Silva, complementou dizendo: “O Cine-Theatro assume uma posição histórica e estratégica na cultura e na arte, não só para Juiz de Fora, mas no cenário nacional. Espaço que precisa ser preservado, cuidado. No seu aniversário, todos nós aniversariamos junto, porque nós ganhamos junto com isso”.

Foto: Alexandre Dornelas

O diretor do Cine-Theatro Central, Luiz Cláudio Ribeiro, deu as boas-vindas ao público e aos músicos: “a casa está bastante cheia e muito bonita para receber o show de Fernanda Cunha em homenagem a Tom Jobim, com CD que tem sido mencionado como um dos melhores do ano passado. E é muito bom receber Sueli Costa, essa referência da música brasileira”. Ao final, mostrou-se empolgado com as próximas comemorações: “Depois desse lindo espetáculo, é

uma responsabilidade ainda maior pensar nos 90 anos”.

Um lugar para sonhar

As amigas Eunice Morando, psicóloga, e Dilza de Oliveira, aposentada, foram as primeiras da fila. Elas chegaram às 18h45 para o show que começaria às 20h. “Já viemos a um show da Sueli Costa, mas não da Fernanda Cunha”. Eunice conta que elas sempre vão aos espetáculos no teatro: “A gente gosta de

Foto: Alexandre Dornelas

arte, de cultura, de música, então a gente frequenta bastante o teatro. O Central tem uma importância muito grande no cenário cultural da cidade”.

Eunice ressalta a beleza do prédio com arquitetura de Raphael Arcuri, destacando as pinturas do interior, realizadas por Angelo Bigi. “Existem poucos teatros no Brasil tão bonitos quanto esse. Então, é motivo de orgulho para todos que moram em Juiz de Fora poder contar com uma casa de espetáculos desse gabarito”. Ela conta, também, que aguarda ansiosa os 90 anos do teatro, sugerindo uma programação mês a mês: “um ano cultural com muitos espetáculos de balé, de música e de peças teatrais”.

 

Muito além da saudade

Foto: Alexandre Dornelas

O show começou com a música “Outra vez”, que fala de tristeza e saudade. A tristeza ficou só na música mesmo, a apresentação foi marcada somente por alegria. A saudade? A saudade dos palcos da cidade onde nasceu também foi embora logo no começo: “Estou muito emocionada de estar aqui hoje, celebrando os 89 anos do Central com vocês. Eu nasci aqui, minhas famílias paterna e materna estão daqui. Infelizmente, algumas pessoas já se foram, mas acredito que estão felizes onde estiverem, principalmente minha mãe, Telma Costa, grande cantora”, disse a cantora Fernanda Cunha.

Ela também agradeceu às avós, que foram professoras de música em Juiz de Fora, e ao pai, que mora no Rio de Janeiro, mas que prestigiou o show de ontem na cidade.  “Além dos 89 anos, estamos também celebrando os 90 anos do Tom. Ele faria 90 no ano passado e eu gravei o CD em homenagem a ele e resolvi interpretar músicas que ele escreveu letra e melodia porque ele é muito reconhecido no mundo inteiro como maestro, compositor, pianista, mas não letrista. Achei interessante fazer esse recorte na obra dele”.

Sueli Costa, em depoimento concedido para a página do Cine-Theatro Central, disse: “Foi aqui que comecei minha carreira e conheci muita gente”. A emoção de voltar ao palco onde tudo começou ficou evidente nos sorrisos e olhares que ela trocava com Fernanda, principalmente quando o público começou a gritar e aplaudir pedindo “bis”, momento em que o grupo decidiu cantar “O primeiro jornal”, música eternizada na voz de Elis Regina.

Os espectadores, mais uma vez, aplaudiram de pé. E pediram mais. O segundo bis. Os músicos voltaram ao palco atendendo à plateia. E, enfim, ela veio. Fernanda Cunha, que é conhecida em vários países, provou estar no auge da carreira. Depois das palmas e da ovação, saiu do teatro sorrindo.

Laura Sanábio

Foto: Alexandre Dornelas

Foto: Alexandre Dornelas

Foto: Alexandre Dornelas

Foto: Alexandre Dornelas

 

Adicionar a favoritos link permanente.