Ópera de Alves de Mesquita abre o 35º Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga

Publicado em 29 de outubro de 2024

Evento acontece entre os dias 1° e 13 de novembro com uma programação diversificada em

pontos estratégicos da cidade

Divulgação

O Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga chega à sua 35ª edição, com abertura especial, a partir da primeira ópera encenada por Victor Cassemiro, que rege a Orquestra Acadêmica da UFJF, no palco do Cine-Theatro Central com “Uma noite no castelo”, obra composta pelo brasileiro Henrique Alves de Mesquita (1830-1906), com base no libreto do francês Paul de Kock (1794-1871). O espetáculo acontece no dia 1° de novembro, sexta-feira, às 20 horas, e conta também com instrumentistas da Orquestra Sinfônica da UFRJ e da Banda de Música do 10° Batalhão de Infantaria Leve de Montanha. A entrada é franca, como em toda a programação do evento.

“Uma noite no castelo” chega precedida de uma palestra do maestro Cassemiro sobre a gênese e a trama dessa montagem, às 19 horas. Ainda antes, no mesmo dia, às 18 horas, nas escadarias do Central, acontece uma Roda de Choro com o grupo Chora Efe, um coletivo local dedicado à prática e a aprendizagens dessa linguagem musical. Mesquita, o cultuado artista negro que se transformou em um dos principais nomes da ópera, inclusive no exterior, mostra, através de sua obra, a razão de ser o primeiro aluno do Conservatório de Música do Rio de Janeiro a completar seus estudos em Paris, onde teve altos e baixos até retornar ao Brasil e chega a cunhar o termo Tango Brasileiro com seu choro elaborado.

O Festival promovido pela Pró-reitoria de Cultura da UFJF inova ao apresentar uma programação diversificada, gratuita, contemplando diferentes espaços de cultura na cidade, ampliando e difundindo concertos e oficinas de forma ainda mais democrática e inclusiva. Assim, as apresentações se dão entre os dias 1° e 13 de novembro em locais como a Praça CEU, em Benfica; o Parque Halfeld, o Teatro Paschoal Carlos Magno e o Museu de arte Murilo Mendes, no Centro; o Museu Mariano Procópio e o Shopping Jardim Norte, no bairro Mariano Procópio, o Parque da Lajinha, no Teixeiras; e o Parque Municipal, na Nova Califórnia, além da Igreja do Rosário, no Granbery. As oficinas se passam no Centro Cultural Pró-Música, no Centro, e na Escola de Artes Pró-Música, no Alto dos Passos.

Uma conquista grandiosa

Cassemiro explica que “Une Nuit Au Château” é uma obra que proporcionou grande sucesso a Mesquita, tendo sido composta no estilo opéra-comique. Sua estreia no Brasil aconteceu em 1870, no Teatro Lírico Francês, antigo Teatro Alcazar do Rio de Janeiro, tendo sido aclamada pela crítica. “O ‘Diário do Rio de Janeiro’, jornal de então, publicou que Mesquita foi ovacionado e condecorando como um dos mais engenhosos compositores nacionais. Considerou a música bela, fresca, original e digna de todo respeito e louvor”, relata o maestro, que fez do compositor o personagem tema de sua dissertação de mestrado na UFRJ. “Assim, apresentar essa ópera em Juiz de Fora é, para mim, uma conquista gigantesca”.

A trama se dá em um castelo francês, para onde o Conde, que vivia esbanjando sua fortuna em Paris, retorna a fim de cumprir o último desejo de sua mãe, pagando o dote do casamento de Colette, uma bela aldeã querida pela condessa. Jerôme, o marido de Colette, não está presente e Mathurine, mãe de Colette, coloca Alain, primo da jovem, para fingir ser o marido. Os aldeões ajudam a enganar o conde, e Jerôme retorna e aceita se passar pelo primo para receber o dote. O clímax ocorre quando Dubois ouve uma conversa entre o verdadeiro casal e, confundido, acredita que Colette está traindo Alain com Jerôme. Ele então convence o Conde, que já estava se apaixonando por Colette, a vingar a suposta traição.

Estrelado por Tamara Medeiros como Collete e por Alexandre Pereira como Conde, o espetáculo conta também com Elmir Santos interpretando Jerôme, Tâmara Lessa como Mathurine, Josuan Vicenzi no papel de Alain e Caiho Carrara vivendo Dubois. Como ajudantes do Conde estão Pedro Henrique Reis e Diego Araujo A direção cênica e a iluminação estão a cargo de Marcos Marinho, com cenários e figurinos aos cuidados de Fernanda Cruzick. A Orquestra Acadêmica se apresenta sob a regência e a direção musical de Victor Cassemiro, sendo coordenadores os professores Raquel Rohr e Eliezer Izidoro, ambos do curso de Música da UFJF.


Roda de Choro

O Coletivo Chora Efe chega às escadarias do Central às 18 horas do dia 1° de novembro, com um repertório de composições a partir de autores consagrados no gênero, como Ernesto Nazareth, Waldir Azevedo, entre outros, incluindo a obra “Batuque”, icônica composição de Henrique Alves de Mesquita. Para execução das músicas, o grupo utiliza violão, violão sete cordas, cavaquinho, bandolim, baixo, guitarra, clarinete, flauta, saxofone, sanfona, pandeiro e
ainda o agbê, instrumento de percussão originário da África.

O Chora Efe tem um longo percurso de rodas e oficinas realizadas para a prática e a aprendizagem da linguagem do Choro. Nesse formato, o grupo torna possível a prática em conjunto desse gênero musical tão importante para a história da Música Brasileira e para músicos que tenham interesse em conhecer e praticar o Choro. Além disso, tem o intuito de levar esse estilo musical para novos públicos, de todas as idades.

Cassemiro conta que a ideia de trazer uma roda de choro para anteceder a ópera, especialmente nas escadarias do prédio, se dá pelo fato de Henrique Alves de Mesquita ser considerado um dos pioneiros na formação do choro, um dos gêneros mais populares da Música Popular Brasileira. “Sua influência acontece principalmente por conta da união de elementos da música europeia, com ritmos populares e afro-brasileiros, se tornando uma base sólida para o desenvolvimento do choro como um estilo musical”, explica.

Serviço
Dia 1° de novembro
18h: Coletivo Chora Efe nas escadarias do Central (Praça João Pessoa, S/N)
20h: “Uma noite no castelo” com a Orquestra Acadêmica da UFJF, sob direção de Victor Cassemiro. No Cine-Theatro Central (Praça João Pessoa, S/N)
Entrada franca

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