Novo diretor, Carlos Fernando planeja levar o Cine-theatro Central ‘para a rua’

Publicado em 10 de junho de 2016

Uma das primeiras aproximações do carioca Carlos Fernando Cunha com a cultura de Juiz de Fora, ao se mudar para a cidade em 2001, foi no Cine-Theatro Central. Ali o docente na Faculdade de Educação Física e Desportos da UFJF encontrou duas paixões: o próprio teatro, que o fascinou com sua arquitetura e decoração artística, e o Coral da UFJF, que se apresentava no palco. Algum tempo depois, Carlos Fernando se juntou aos coralistas do grupo. Agora o professor assume a direção do Central, disposto a enfrentar os desafios de gerir um espaço de tamanho significado e expressão para o juiz-forano.

“Decidi aceitar o convite – quase intimação – da pró-reitora de Cultura Valéria Faria por vários motivos”, afirma Carlos Fernando. “O Central é um dos equipamentos culturais mais importantes de Juiz de Fora por seu valor material e imaterial”, destaca o novo diretor, que aponta como diretriz de sua atuação à frente do espaço a concepção do Central como um espaço público e do direito social à cultura, em consonância com as propostas políticas da atual gestão da Universidade.

Nesse sentido, o diretor já se movimenta em direção a ações concretas, como a retomada das visitas guiadas ao cine-teatro a partir de julho, a fim de estreitar a relação da população com o espaço. Segundo Carlos Fernando, a imponência do teatro pode intimidar o público, o que precisa ser superado através de iniciativas de abertura do espaço. Para isso, além de investir na divulgação e na comunicação de eventos e ações através das redes sociais e do site do cine-teatro – que já ganhou uma nova seção, “Nossos artistas” – planeja implantar um novo projeto: a realização de shows e espetáculos nas escadarias e na própria Praça João Pessoa. “Queremos voltar o Central para a rua”, afirma.

Outro projeto é retomar as atividades de cinema no espaço, recuperando uma função histórica do Central, que foi planejado como cine-teatro e foi o principal cinema de rua de Juiz de Fora na época de glamour da sétima arte. “Pretendemos investir em equipamentos e discutir a proposta com pesquisadores e realizadores de cinema na cidade para planejarmos uma retomada do cinema no Central com outra concepção, não comercial, e sim cultural e educativa”.

Para Carlos Fernando, o mais desafiador da gestão do Cine-Theatro Central são as questões de infraestrutura do teatro, um bem tombado pelos patrimônios municipal e nacional. “São equipamentos e obras que envolvem recursos de grande ordem. Tentaremos captar recursos em leis de incentivo e fazer parcerias com a iniciativa privada”, informa. Segundo ele, a bilheteria eletrônica está na lista de prioridades, mas a instalação de ar condicionado é mais difícil de ser implementada, demandando estudos: “O Central não foi concebido para isso na década de 1920. Existem questões complicadas em termos de arquitetura e engenharia. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tem ingerência muito forte nesse aspecto.”

O novo gestor também anuncia a revisão de todos os editais, contratos e do próprio Regimento do Central, para afinar diversas questões de funcionamento e ocupação do cine-teatro. Outro aspecto a ser considerado é inserir o Central mais ativamente no trinômio do ensino, da pesquisa e da extensão, no qual se estrutura a Universidade, aproximando-o, por exemplo, do curso de Música da instituição.

Carreira artística

“A cultura para mim não é apenas objeto de fruição. Sempre atuei e pesquisei nesse campo”. Docente da UFJF desde 1998, quando foi aprovado em concurso público, Carlos Fernando Cunha enveredou paralelamente pelo meio artístico: ele, que se apresentava como cantor desde a década de 1990, decidiu estudar música. Em 2004, ingressou na primeira turma de canto da Bituca Universidade de Música Popular, em Barbacena. A atuação no Coral Universitário e o estudo foram duas experiências que o levaram a apostar na carreira artística.

Em 2010, gravou pela Lei Murilo Mendes de Incentivo à Cultura seu primeiro CD autoral, com direção musical de Roger Resende e participação de André Pires. Hoje tem três CDs gravados, participações em diversos festivais e concursos como intérprete e compositor e é organizador, músico e intérprete do Ponto do Samba, um projeto de extensão que busca valorizar a cena do samba de Juiz de Fora e pesquisar a memora desse gênero musical no município. Desde 2004, atua também no programa Esporte e Lazer da Cidade (PELC), do Ministério do Esporte.

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